Esperança Sustentável

Que nosso país é cheio de contrastes todos já sabem, por um lado alguns destruindo os recursos naturais e de outro alguém preservando ou recuperando.

O bom exemplo parte agora dos índios localizados entre os estados do Mato Grosso e Pará; são mais de 500 mil hectares, cobertos de densa floresta.

Enquanto madeireiros invadem áreas protegidas para derrubar e transformar árvores em mercadoria ilegal, os índios Panará geram renda para sua comunidade através de um Projeto de Manejo de Recursos Florestais.

Desenvolvido em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) a ideia é utilizar de forma sustentável os mais de 280 índios da aldeia Panará a realizarem colheita de sementes do mogno, já que possuem grande conhecimento dos recursos naturais.

O mogno (Swietenia macrofilla) representa hoje uma importante forma de renda para a aldeia sem prejudicar ou depredar a Natureza, já que não é preciso desmatar para gerar renda. Com o projeto, os indígenas identificaram, catalogaram e mapearam centenas de árvores do mogno produtivas, conseguindo desta forma um aumento significativo em cada colheita que é realizada de 2 em 2 anos. O grande interesse nesta etapa do projeto foi buscar conhecer a localização exata das árvores matrizes chamadas de porta sementes.

O acompanhamento dos índios foi selecionando as melhores árvores para se coletar as sementes, buscando sempre árvores sem a presença de fungos ou insetos, garantindo assim uma semente de boa qualidade para oferecer ao mercado.

Foram abertas trilhas na mata densa que permitiram aos indígenas reconhecer melhor a área da extração e foi dado preferência a áreas mais afastadas para evitar assim, a exploração excessiva dos recursos próximos a aldeia.

Por envolver risco de acidentes, uma das dificuldades para a extração das sementes foi escalar as altas copas das árvores.

Em 1970 esta mesma aldeia ficou conhecida em todo o Brasil quando foram expulsos de suas terras pelas obras de construção da rodovia Cuiabá-Santarém, foi um fato lamentável justificado na época em nome do progresso. Hoje a história é bem diferente e a mesma aldeia é exemplo de sustentabilidade e respeito pelos recursos ambientais, algo para ser seguido pelo povo "branco".

Vale lembrar que as mulheres da aldeia tiveram papel fundamental neste projeto, dotadas de muito conhecimento pela época correta da coleta das sementes, elas também contribuíram para o sucesso do projeto.