Com Sede ao Pote

A Primavera já trouxe um pouco de "alívio" para o interior de São Paulo esta semana, a chuva chegou tímida, mas foi suficiente para lavar a poeira suspensa no ar. Mesmo sendo pouca, a chuva já começa transformar a vegetação e até mesmo os pequeninos moradores da Natureza, já sentem uma mudança agradável no clima, os passarinhos e borboletas cortejam a chegada da chuva com muito entusiasmo.

Com o calor intenso e o clima seco dos últimos meses, algumas cidades já começavam a se preocupar com o nível da água nos reservatórios, isso acontece todos os anos e nem assim a consciência de preservação dos recursos hídricos ganham a atenção necessária para se evitar racionamentos no futuro. Já não bastasse o assoreamento natural dos reservatórios e a falta de cuidados na preservação de nascentes, que comprometem a "produção" de água potável, agredimos ainda mais o meio ambiente, extraindo água mais do que o necessário e desperdiçando este rico recurso natural, que na maioria das vezes é " jogado fora" indiscriminadamente.

Os recursos hídricos que deveriam ser partilhados igualmente com todo o ecossistema, esta cada vez mais disputado com os múltiplos usos por parte do ser humano, em suas mais variadas atividades, seja pela prática de irrigação, na produção de energia hidroelétrica, no consumo industrial ou no abastecimento de cidades.

A função do ecossistema é de filtragem e renovação dos recursos hídricos, que no seu funcionamento normal, recebe a água das chuvas que é absorvida pelo solo, acumulando-se no subsolo e percorrendo por caminhos subterrâneos até aflorar novamente, alimentando pequenos riachos, nascentes e rios. Neste processo assegura-se a umidade das raízes de árvores e serve de banho e de beber a animais.

Com o avanço na construção de grandes cidades, cada vez mais o solo se torna impermeável, prejudicando assim este ciclo natural de absorção da água, se não bastasse, a água da chuva que cai nas cidades acaba se misturando com lixo, agentes infecciosos e diversas substâncias que podem contaminar a água que volta para a Natureza. O pensamento do ser humano em relação aos recursos hídricos tem que mudar de maneira radical, imaginar que a Natureza pode se adaptar ao consumo excessivo e abusivo de água por parte do ser humano, não passa de utopia e ignorância, desde criança sabemos que estes recursos são limitados. Por milhares de anos, a água é incansavelmente reciclada pela Natureza formando um ciclo, não aumenta e nem diminui, mas é nítido que pode desaparecer de uma determinada área e ser mais abundante em outra, dependendo da maneira como é "tratada" (maltratada) pelo homem.

Condenar a Fauna e a Flora à escassez ou a contaminação da água, recusar a adaptar-se e não respeitar a limitação da quantidade de água potável disponível existente no Planeta, é o mesmo que dar um tiro no próprio pé. Se já temos esta consciência desde a época da escola, não entendo por que deixamos de acreditar nisso quando nos tornamos adultos e continuamos a agredir aquilo que dependemos para sobreviver. Com certeza estamos indo com muita sede ao pote.